domingo, 29 de abril de 2012

Anotações de Paz


Ninguém adquire paz sem aceitar a luta incessante pela segurança do Bem. Felicidade é outro nome da consciência tranqüila. Trabalho é o capital que não se desvaloriza. Muito difícil amparar a multidão, quando não se aprende a ser útil na própria casa. Estudo é a aquisição de responsabilidades. Quem não perdoa, carrega peso desnecessário. Azedume é o caminho para a solidão. Observar tudo o que se vê, assinalar os erros e corrigi-los em cada um de nós, pôr nossa conta própria. Admitir que é muito difícil lidar com os outros, quanto nos seja possível, sem nunca afastar-nos dos outros e reconhecer que, sem os outros nenhum de nós seguirá em frente.

André Luiz

terça-feira, 24 de abril de 2012


LIBERDADE E CONTROLE

EU NÃO SEI VOCÊ, MAS EU FAÇO O TIPO controladora, gosto de estar na regência de tudo o que me cerca, vivo a ilusão de que sem mim as coisas não irão funcionar, me sinto necessária, e isso me agrada e ao mesmo tempo me angustia, gostaria de ser mais relaxada e mais resignada diante da minha falta de controle absoluta: pois é, a gente pensa que tem controle sobre tudo, mas não temos controle sobre nada.
Se você curte se auto-investigar, bem-vindo ao clube. Passei horas, outro dia, conversando com um amigo sobre este instigante assunto: Temos ou não temos controle sobre nossas vidas? Minha tendência é acreditar que há um controle ao menos parcial. Senão vejamos: eu tenho o poder de fazer escolhas. Posso dizer sim ou não, ir para a esquerda ou para a direita. Posso me separar, continuar casada, ter mais um filho, posso mudar a cor do cabelo, posso abandonar o emprego, passar dois meses sozinha numa ilha ou me internar num convento. O que me impede?
Você mesma se impede, responde ele.
Tem razão, o problema é que não somos livres. Eu, ao menos, não acredito em liberdade enquanto houver dependências afetivas. Para ser livres, precisaríamos não manter nenhuma espécie de laço com ninguém, o que é impensável: abrir mão de pai, mãe, irmãos, filhos, amigos, um amor. É um preço alto demais para pagar pelo ir-e-vir. Estou de acordo com um psicanalista que disse que o máximo de liberdade que podemos almejar é escolher a prisão em que queremos viver. Eu escolhi a adorável prisão dos afetos. (adorei isso - grifo meu) Meu amigo considera interessante essa história de escolhermos nossas prisões, mas diz que isso só prova que somos 100% livres. Poderíamos escolher prisão nenhuma, mas nos é intolerável a idéia de viver soltos. Então vamos construindo nossas cercas: uma mãe doente a quem não podemos decepcionar, uma esposa que iria se suicidar se a deixássemos, filhos que iriam ficar traumatizados com nosso divórcio, um emprego ótimo que seria loucura abandonar, enfim, vamos inventando empecilhos para não sair da jaula. A liberdade é desestabilizadora, e queremos tudo, menos a subversão.
Pergunto: que mal há em sermos corretos, em agirmos com decência e discernimento, em não frustrar as expectativas que depositaram em nós?
Mal nenhum, responde meu amigo. É até muito nobre, diga-se. Mas quem inventou as definições de correção e decência? E quanto às suas próprias frustrações, são menos importantes do que as que os outros têm em relação a você? Pois é, de vez em quando entro em uns debates insanos sobre liberdade e controle, e onde chego com tudo isso? A um papo excitante, o que já é muito. Pensar é um ensaio de liberdade. Que poucos se atrevem, aliás. É o que por hora me permito enquanto eu não for — na prática e às ganhas — totalmente livre.
Martha Medeiros

domingo, 22 de abril de 2012


O que há por trás de cada agressão senão o medo? E, o que há por trás do medo senão a falta de amor?
Não te enganes em tuas justificativas para as agressões que cometes contra ti mesmo e contra os teus irmãos.
No fundo, apenas queres ser amado, acariciado pelas mãos da vida...
Lembra que onde o coração descansa, o amor ecoa sua canção.
Lembra que a única realidade que fica é o amor.
Tudo que está em oposição ao amor não tem significado, passa como os ventos antes das chuvas, como os dias antes das noites.
Portanto, procura não alimentar e nem dar realidade àquilo que tem por objetivo obscurecer a tua luz, dando-te como consolo a culpa, a escuridão, por teres ferido não só ao teu irmão, mas a ti mesmo.
Alimenta tua amorosidade, tua alegria, teu silêncio de paz.
Mas, se não puderes controlar a fúria em teu ser, silencia e observa.
Aprende que tamanha energia pode ser usada em prol do entendimento, da compreensão do teu momento presente, e não usada, equivocadamente, contra aquele que imaginas querer destruir tua paz. Não há no céu ou na terra alguém que tenha o poder de apagar o que desejas manter aceso.
E que esta chama seja a fidelidade à tua inocência, ao teu desejo de compartilhar com os teus o que de melhor tens aprendido.

Autor Desconhecido.

sexta-feira, 13 de abril de 2012


Conta-se que dois homens caminhavam lado a lado. Um era jovem, trazia consigo os sinais da inexperiência. Tinha olhos vivos e atentos a tudo, como quem quer aspirar a vida em um só fôlego. Desejava modificar o mundo, revolucionar sua época, ensinar o muito que julgava saber. O outro trazia no semblante as marcas do tempo e já não queria tomar o mundo, contentava-se em aprender um pouco, aqui e ali, analisando, sereno, as experiências que a vida lhe apresentava.

Tampouco desejava deixar suas marcas nos homens e nas coisas que o rodeavam. Não queria discípulos, nem seguidores, e não pretendia modificar ninguém, a não ser a si próprio. Era cego de nascença. Porém, apesar de ter os olhos do corpo fechados, possuía abertos os da alma. Vinham em silêncio quando o jovem, surpreso, exclamou:

_ Uma pipa! Uma pipa no céu! Por que está tão alegre em vê-la, ainda que distante? Perguntou o cego.

_ É que toda vez que vemos uma pipa, uma só idéia nos assalta a alma: a idéia da liberdade e, qual de nós não valoriza a possibilidade de sentir-se livre? Disse o jovem.

_ Liberdade? Questionou o homem. Estranho, para mim a pipa tem outro significado.

_ Outro significado? Como? Sabe o que é uma pipa?

_ Sim, meu amigo, eu sei o que é uma pipa, papagaio, pandorga, como queira chamar. Pois a imagem desse objeto me traz à mente a idéia de responsabilidade e bom senso.

_ Não entendo... Disse o jovem.

E o homem falou com sabedoria: o exercício da liberdade é complexo e fundamental em nossas vidas. Todavia, como você pode perceber, a pipa tem uma liberdade muito relativa, graças ao fio no qual está presa. Por vezes, o desejo de liberdade nos faz ver as coisas de um ponto de vista muito acanhado e perdemos a noção de limites. Muitas pessoas acreditam ter liberdade ilimitada, mas estão presas ao chão pelos fios invisíveis dos vícios de toda ordem. Há aqueles que estão presos aos bens transitórios do mundo, como se fossem pássaros cativos em gaiolas de ouro.
Há os que não conseguem romper com os fios do orgulho e do egoísmo, que os impedem de alçar o vôo definitivo, rumo à liberdade. Os que não conseguem desatar os nós prejudiciais do desejo de posse sobre familiares e amigos, amargando séculos de infelicidade. Há aqueles que estão presos pelas correntes poderosas da prepotência, do preconceito, da ambição desmedida, dos desejos sexuais desenfreados. Dessa maneira, meu jovem, muitas vezes os olhos nos enganam. Não basta enxergar, é preciso ver além. É preciso perceber que sem romper com os vícios que nos prendem ao solo, a liberdade é impossível.

Foi por essa razão que Jesus, o grande Sábio da humanidade afirmou: "conhecereis a verdade e a verdade vos fará livres". Conhecendo e reconhecendo a sua destinação divina, a sua condição de filhos da luz, os homens farão esforços para cortar as amarras que os retém em mundos inferiores, para alçar o vôo definitivo da liberdade sem limites. Eis, meu filho, a minha maneira de ver o que significa realmente a liberdade.

O jovem deu o braço ao cego, calou-se, e, em silêncio, entregou-se a profundas reflexões. O limite da liberdade encontra-se inscrito na consciência de cada pessoa, através das leis divinas. Assim sendo, é dever de cada ser humano libertar-se do cárcere de sombra e dor, da prisão sem barras em que se mantém, e desenvolver as asas de luz das virtudes que lhe possibilitarão o vôo definitivo da liberdade sem limites.
Pensemos nisso!