quinta-feira, 20 de setembro de 2012

“E quem tem Deus no coração sabe que não há mal que vingue, nem inveja que maltrate, nem inimigos. Por que pra todo mal, há cura.” Caio Fernando Abreu

domingo, 16 de setembro de 2012

Um impulso natural


“Amar os inimigos não é, pois, ter para com eles uma afeição que não está na Natureza, porque o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira bem diferente do de um amigo”.

Na investigação profunda da raiva, do rancor ou da ira, devemos considerar os poderosos e irracionais impulsos de agressividade, espontâneos e inatos na psique humana. São emoções ou formações psíquicas que o espírito partilha com o mundo animal, do qual faz parte e de onde evoluiu.

A moderna teoria evolutiva deve mais a Charles Darwin do que a qualquer outro evolucionista, pois foi toda ela construída nas bases de sua obra intitulada “A Origem das espécies”. Hoje está provado cientificamente que as criaturas humanas sofreram um processo de evolução extraordinário. Somente do hominídeo pré-histórico denominado de “Java” ou “Pithecanthropus erectus” até o homem moderno, transcorreram milhares e milhares de anos de desenvolvimento e aprimoramento do organismo do ser vivo.

Dessa forma, não podemos separar a Natureza de nós mesmos, pois também somos Natureza, já que pertencemos aos mesmos departamentos da vida, desde o mineral, vegetal, animal até ao homem. Na Natureza tudo foi criado com um objetivo e função, porque nada do que está em nós está errado. O que acontece é que, muitas vezes, usamos mal - ou seja, não aprendemos a usar convenientemente e dentro de um senso de equilíbrio - as possibilidades mais íntimas de nossa alma imortal.

Em nossos parentes distantes, os animais irracionais, existe o impulso do ataque-defesa. Manifesta-se também em nós esse mesmo impulso, denominado “instinto de destruição”. É ele uma das primeiras manifestações da lei de preservação, da sobrevivência dos animais em geral, e imprescindível para defendê-los dos perigos da vida.

Nos dias atuais, o termo “raiva” talvez tenha sido interpretado como sendo somente crueldade, violência, vingança, quando, na realidade, significa primordialmente “estado de alerta”, visto que essa energia emocional nos aguça todos os demais sentidos, para uma eventual necessidade de proteção e apoio a qualquer fato ou situação que nos coloque em ameaça.

Esse impulso natural possibilita à nossa mente uma maior oportunidade de elaboração, percepção e raciocínio, deixando-nos alerta para enfrentar e sustentar as mais diversas dificuldades. Ativa nossos desejos de realização, impulsiona ações determinantes para rompermos a timidez e constrangimentos, encoraja-nos a nos colocar no meio social e estimula-nos a defesa-fuga diante de situações de risco.
Portanto, quando ao ser humano é negado o direito de expressar sua raiva ou prazer, castrado nos seus primeiros anos de vida, torna-se uma criança indefesa, com tendência a ter uma personalidade tímida, medrosa e passiva. Já as “tolerâncias ilimitadas” dos pais nessas áreas induzirão o menor a se confundir com o uso de seus impulsos de agressividade e afeto, podendo atingir igualmente, em seu estado adulto, comportamentos apáticos e demonstrar uma enorme falta de iniciativa, infantilização ou superlativa dependência do lar.

Grande parte dos professores, tios, pais e avós mantêm uma forma de visão preconceituosa e obstinada sobre a “raiva”, soterrando os instintos inatos da criança, castigando-a e vendo-a como criatura má e imperfeita, a qual atribuem atitudes reprováveis.

Por acreditarem que tais energias emocionais sejam completamente condenáveis e inadmissíveis, é que forçam os pequenos a ser, a qualquer preço, “adaptados” e “bem-comportados”, a maneira deles. Isso irá gerar mais adiante posturas de isolamento e distanciamento dos adultos, por lhes ter sido negado o exercício de aprender a comandar suas mais importantes e primitivas emoções. Na contenção da raiva no adulto, notamos o escoamento do instinto para outros órgãos do corpo físico, surgindo assim a somatização com o aparecimento neles dos primeiros sinais de doença, pois para lá que a energia reprimida se transferiu e se localizou.

Todas as vezes que somos incomodados ou defrontados com agressores, o impulso de raiva vai surgir. Ele é automático, é nosso “estado de alerta”, que nos vigia e que nos defende de tudo aquilo que pode nos comprometer ou destruir.
Nas criaturas mais amadurecidas, contudo, os impulsos instintivos moldaram-se à sua mentalidade superior, e elas passaram a controlá-los, canalizando-os de forma mais adequada e coerente.

Essencialmente, porém, é preciso dizer que o ato de transformação do impulso de destruição não requer a “anulação” ou “extinção” dele em nossa intimidade, e sim o aprendizado de transmutá-lo, observando o que diz literalmente a palavra “transformação”, oriunda do latim: “trans” quer dizer “através de”; “forma”, o modo pelo qual uma coisa existe ou se manifesta; e “actio”, “ação”. Entendemos por fim que, “através de novas ações, mudaremos as formas pelas quais a raiva se manifesta”, sem, todavia, aniquilá-las ou exterminá-las.

Com essa visão, a proposta salutar de canalizar e sublimar a agressividade é promover-nos profissionalmente, criando atividades educativas, usando práticas do esporte e outras tantas realizações. Todos aqueles que se dedicam às atividades nas áreas da criatividade, como poetas, pintores, oradores, escultores, artesãos, escritores, compositores e outros, fazem parte das criaturas que direcionam seus impulsos de agressividade para as artes em geral, sublimando-os.
Por sua vez, os que se exercitam fisicamente constituem exemplos clássicos daqueles que escoam naturalmente para o esporte sua energia de raiva. Outros tantos a transformam, redirecionando-a para as atividades junto aos carentes, nas obras e instituições de promoção e assistência social.

Quando as crianças insistirem em cortar, destruir, quebrar, arrancar, esmagar, torcer, bater ou amassar, estão apenas manuseando suas emoções emergentes de raiva ou seus impulsos agressivos, para que saibam usá-los no futuro com controle e conveniência. Em vez de censurá-los e criticá-los, devemos oferecer-lhes um “material adequado”, para que essas manifestações possam ocorrer plenamente, sem dissabores ou demais prejuízos. Desse modo, “amar os inimigos não é, pois, ter para com eles uma afeição que não está na Natureza”. Nossas emoções são energias que obedecem às leis naturais da vida, são previstas nos estatutos da “Lei de destruição” e da “Lei de conservação”, e agem mecanicamente, pois são disparadas ao detectarmos nossos adversários.

Não obstante, “o contato de um inimigo faz bater o coração de maneira bem diferente do de um amigo”, quer dizer, a emoção energética da raiva ativa a glândula supra-renal, que libera a adrenalina no sangue. O coração acelera, a pressão arterial sobe, a respiração se intensifica, os músculos se contraem; daí sentirmos essa sensação estranha e incômoda.

Em síntese, “amar” os inimigos ou adversários, na interpretação do ensino de Jesus Cristo, não é nutrir por eles ódio ou qualquer propósito de vingança, nem mesmo desejar-lhes mal algum. Acima de tudo, o Mestre queria dizer que nossas emoções inatas de raiva, em nosso atual contexto evolutivo, não querem, em verdade, destruir nada do que está “fora de nós”, como se fazia nos primórdios da evolução. Ao contrário, elas querem nos defender, destruindo conceitos, atitudes e pensamentos “dentro de nós”, os quais nos tornam suscetíveis e vulneráveis ao mundo e, conseqüentemente, nos fazem ser atacados, machucados e ofendidos.
Livro: Renovando Atitudes
Francisco Espirito Santo Neto


sexta-feira, 7 de setembro de 2012


''A arrogância atrai o ódio e a inveja.
A elegância desperta o respeito e o amor.
A arrogância nos faz humilhar o semelhante.
A elegância nos ensina a caminhar pela luz.
A arrogância complica as palavras porque acha que a inteligência é apenas para alguns eleitos.
A elegância transforma pensamentos complexos em algo que todos possam entender. Todo homem caminha com elegância e transmite á sua volta quando está percorrendo o caminho que escolheu. Seus passos são firmes, seu olhar é preciso,seu movimento é belo. E mesmo nos momentos mais dificeis, seus adversários não conseguem distinguir sinais de fraqueza,porque a elegância o protege.''

Paulo Coelho Manuscrito encontrado em Accra