quinta-feira, 31 de março de 2011



Os olhos, ao mostrarem ora a candura dos sentimentos puros, ora uma sublime sensibilidade, ora a expressão da inteligência cultivada transparecendo na luz do olhar, costumam velar mais de um defeito e atrair a simpatia e a atenção, ao se concentrarem neles essas manifestações do sentir íntimo. E se a isso somamos a palavra expressada em tom afável e eloquente, teremos a razão por que muitas fisionomias se iluminam de repente e se enchem de graça e simpatia, gravando-se na retina de quantos as contemplam ou observam.

O mau caráter é o que mais enfeia o rosto. A repetida contração que promove nos músculos faciais endurece os traços fisionômicos e refletem modalidades inconvenientes que causam uma desfavorável prevenção nos demais. Toda moderação que influa nos estados de ânimo e suavize a exteriorização dos desafogos do humor torna atraente a fisionomia e a dulcifica. O caráter enérgico não altera a fisionomia, se após a expressão dinâmica aparece o semblante tranquilo, natural.

As fisionomias se definem pela natureza dos pensamentos que predominam na mente e orientam a conduta do ser. Se são elevados e nobres, se são regidos por normas superiores de convivência, no rosto transparecem, com diáfana clareza, estados internos e modalidades do caráter que inspiram confiança e simpatia. A capacidade, o talento, como também todas as qualidades intelectuais desenvolvidas, oferecem a mesma característica, só que, na maioria das vezes, as linhas atraentes que tais qualidades gravam no semblante são substituídas pelas linhas antagônicas da vaidade e da excessiva estimação de si mesmo, que torna as pessoas pouco menos que intratáveis. Carlos Bernardo González Pecotche