domingo, 6 de novembro de 2011

As plumas do travesseiro


Certa vez um bom homem soube que tinha uma pessoa que falava mal dele pela cidade e nas redes sociais na Internet.

Para aquele certo fofoqueiro era uma obsessão em difamar aquele bom homem, que um dia havia ocupado um importante cargo ao qual todos na cidade admiravam.
Aquele bom homem, sabedor de tantas calúnias e difamações que o fofoqueiro lhe fazia por todos os meios que dispunha um dia se cansou: Pediu pra conversar informalmente com um bom e justo juiz que havia na cidade para lhe pedir aconselhamentos do que fazer.

O juiz, em silêncio ouviu os relatos daquele homem honesto e chamou um oficial de justiça de sua confiança e disse-lhe: “Vá até a casa desta pessoa que está fofocando contra este homem e traga-o amanhã aqui para uma conversa comigo.”
Mas antes do oficial fechar a porta o juiz acrescentou mais uma ordem: “Ah! Consiga um travesseiro de penas e ordene ao fofoqueiro que ao vir para a audiência, venha jogando as penas pelo caminho!”
Como todos sabiam que ele era um juiz justo e salomônico, ficaram curiosos até a audiência com o fofoqueiro no dia seguinte.

Dia seguinte:

Chega ao fórum o oficial de justiça com o fofoqueiro trazendo à mão uma fronha vazia do que era antes um travesseiro recheado com penas. Sua cara era assustada e fazia de vítima, típico dos hipócritas.

Ao adentrar a sala, lá estavam: o juiz e o homem a quem tanto o fofoqueiro difamava.

O juiz sem delongas perguntou: “Por que razão o senhor tanto difama este homem pelo bairro onde mora, entre os familiares, no seu trabalho, nas rodinhas dos bares?”
O fofoqueiro assustado e arrependido respondeu: “Eu não tenho nada contra ele diretamente excelência, apenas repito o que a turma da fofoca falam por aí... Ele cometeu umas atitudes que eu não concordo. Eu até admiro este senhor e acho ele uma pessoa honesta e competente. Até gostaria de ter tido o cargo importante que ele teve!”

Vendo o baixo caráter do fofoqueiro e não querendo mais perder tempo com alguém de pouco valor moral, dispensou-o dizendo:

“Pode voltar para sua casa. Mas amanhã neste mesmo horário quero que o senhor esteja novamente aqui na minha presença para ouvir minha decisão a respeito desse caso. Mas, quero recolha todas as penas que jogou hoje pelo caminho e as coloque nesta fronha de travesseiro”.

Assustado o fofoqueiro retirou-se do gabinete do juiz. No dia seguinte, como ordenado, lá estava o fofoqueiro trazendo na mão pequenino saco com poucas penas e novamente na frente do juiz e dos presentes no dia anterior.

“Dê-me o travesseiro de penas!” Ordenou o juiz. O fofoqueiro mais que depressa lhe entregou aquela fronha semivazia com poucas penas sujas que conseguiu recolher pelo caminho de sua casa até o fórum. O juiz olhou-o firmemente e disse: “Só estas penas? Mas onde estão as penas que compunham o travesseiro? Só este punhado é muito pouco!”

O fofoqueiro quase que urinando nas calças respondeu gaguejando: “Excelência, à noite ventou muito, as penas voaram pela cidade toda, para os rios, campos e é impossível eu recuperá-las. Mas posso comprar outras penas novas e completar o travesseiro como o senhor quer!”

O juiz fitou-lhe nos olhos e disse: “Agora peça perdão a este homem a quem você tanto espalhou calúnias e difamações tal como as penas do travesseiro que você jogou ao vento. As penas e as calúnias são irrecuperáveis, o mal está feito, por mais que você se esforce jamais reparará o dano moral que causou a este homem.”

Todos na sala se emocionaram. O bom homem, o oficial e até o fofoqueiro arrependido.

“Que fique a lição!” Disse o bom juiz.

“Cada palavra ou juízo de valor que se emite, são como penas ao vento, impossíveis de recuperá-las nos arrependimentos. Por isso, não calunie ou prejulgue as pessoas. Não as queira mal só porque inveja sua posição econômica, social ou profissional. O julgamento pela lei dos homens sou eu quem faz, mas quem me julga todos os dias é Deus. Que fique a lição! A audiência está encerrada!”

Associarmos os nossos atos ao plano divino, agirmos de acordo com a Natureza, no sentido da harmonia e para o bem de todos, é preparar nossa elevação, nossa felicidade; agir no sentido contrário, fomentar a discórdia, incitar os apetites malsãos, trabalhar para si mesmo em menoscabo dos outros, é semear para o futuro fermentos de dor; é nos colocarmos sob o domínio de influências que retardam o nosso adiantamento e por muito tempo nos acorrentam aos mundos inferiores.
É isso o que é necessário dizer, repetir e fazer penetrar no pensamento, na consciência de todos, a fim de que o homem tenha um único alvo em mira – conquistar as forças morais, sem as quais ficará sempre na impotência de melhorar a sua condição e a da Humanidade! Fazendo conhecer os efeitos da lei de responsabilidade, demonstrando que as conseqüências de nossos atos recaem sobre nós através dos tempos, como a pedra atirada ao ar torna a cair ao solo, pouco a pouco serão levados os homens a conformar o seu proceder com esta lei, a realizar a ordem, a justiça, a solidariedade no meio social. (Livro: O problema do ser, do destino e da dor – Léon Denis)