Martha Medeiros é ótima mesmo...
Toda mulher é doida. Impossível não ser. A gente nasce com um
dispositivo interno que nos informa desde cedo que, sem amor, a vida não vale a
pena ser vivida, e dá-lhe usar nosso poder de sedução para encontrar ‘the big
one’, aquele que será inteligente, másculo, se importará com nossos sentimentos
e não nos deixará na mão jamais. Uma tarefa que dá para ocupar uma vida, não é
mesmo? Mas, além disso, temos que ser independentes, bonitas, ter filhos e
fingir de vez em quando que somos santas, ajuizadas, responsáveis, e que nunca,
mas nunca, pensaremos em jogar tudo pro alto e embarcar num navio-pirata
comandado pelo Johnny Depp, ou então virar uma cafetina sei lá, diga aí uma
fantasia secreta, sua imaginação deve ser melhor que a minha.
Eu só conheço mulher louca. Pense em qualquer uma que
você conhece e me diga se ela não tem ao menos três dessas qualificações:
exagerada, dramática, verborrágica, maníaca, fantasiosa, apaixonada,
delirante. Pois então. Também é louca.
E fascina a todos.
Todas as mulheres estão dispostas a abrir a janela, não
importa a idade que tenham. Nossa insanidade tem nome: chama-se Vontade de
Viver até a Última Gota. Só as cansadas é que se recusam a levantar da cadeira
para ver quem está chamando lá fora. E santa
fica combinado, não existe. Uma mulher que só reze, que tenha desistido
dos prazeres da inquietude, que não deseja mais nada? Você vai concordar
comigo: só sendo louca de pedra.
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