Através
da linguagem, o homem ajuda-se ou se desajuda. Ainda mesmo que o nosso íntimo
permaneça nevoado de problemas, não é aconselhável que a nossa palavra se faça
turva ou desequilibrada para os outros. Cada qual tem o seu enigma, a sua
necessidade e a sua dor e não é justo aumentar as aflições do vizinho com a
carga de nossas inquietações. A exteriorização da queixa desencoraja, o verbo
da aspereza vergasta, a observação do maldizente confunde... Pela nossa
manifestação mal conduzida para com os erros dos outros, afastamos a verdade de
nós.
Pela
nossa expressão verbalista menos enobrecida, repetimos a bênção do amor que nos
encheria do contentamento de viver. Tenhamos a precisa coragem de eliminar, por
nós mesmos, os raios de nossos sentimentos e desejos descontrolados. A palavra
é canal do "eu". Pela válvula
da língua, nossas paixões explodem ou nossas virtudes se estendem. Cada vez que arrojamos para fora de nós o
vocabulário que nos é próprio, emitimos forças que destroem ou edificam, que
solapam ou restauram, que ferem ou balsamizam. Linguagem, a nosso entender, se
constitui de três elementos essenciais: expressão, maneira e voz. Se não aclaramos a frase, se não apuramos o
modo e se não educamos a voz, de acordo com as situações, somos suscetíveis de
perder as nossas melhores oportunidades de melhoria, entendimento e
elevação.
Paulo de Tarso fornece a
receita adequada aos aprendizes do Evangelho.
Nem linguagem doce demais, nem amarga em excesso. Nem branda em demasia,
afugentando a confiança, nem áspera ou contundente, quebrando a simpatia, mas
sim "linguagem sã e irrepreensível para que o adversário se envergonhe,
não tendo nenhum mal que dizer de nós".
Emmanuel
/ Chico Xavier – “Fonte Viva” - 43
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